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Projeto

Amazônia - Regularização Ambiental

Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS)

Site oficial do projeto
Valor Total do Projeto
R$ 9.267.000,00
Valor do apoio do Fundo Amazônia
R$ 9.267.000,00
Concluído

Apresentação

Objetivos

Apoiar o processo de regularização ambiental no bioma Amazônia, por meio de: (i) mapeamento do uso e cobertura do solo; (ii) cálculo do passivo ambiental em Áreas de Preservação Permanente (APPs) de corpos hídricos e das áreas potenciais para restauração em unidades de conservação (UC) e terras indígenas (TIs); e (iii) integração de base de dados geoespaciais ao Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar)

Beneficiários

Pessoas e instituições que venham a utilizar informações relacionadas ao passivo ambiental em APPs de corpos hídricos e das áreas potenciais para restauração em UCs e TIs, bem como o governo brasileiro e os órgãos estaduais de meio ambiente, que passarão a contar com uma base de dados geoespaciais integrada ao Sicar

Abrangência territorial

Bioma Amazônia

Descrição

Contextualização

Com a promulgação do atual Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), foi instituído o Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

O CAR consiste no registro eletrônico de informações espaciais georreferenciadas dos imóveis rurais, com delimitação das Áreas de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada, e áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental. A inscrição no cadastro é realizada por meio de inserção dessas informações no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar).

Após a inscrição, conforme previsto no Decreto nº 7.830/2012, o órgão ambiental estadual competente realiza a análise e a validação dos cadastros, devendo, caso sejam detectadas pendências ou inconsistências nas informações declaradas e nos documentos apresentados, notificar o requerente para que preste informações complementares ou promova a correção e adequação das informações prestadas, podendo ser feita a solicitação de adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).

O CAR e o PRA são, portanto, importantes instrumentos de promoção da recuperação da cobertura vegetal e sua efetiva implementação contribui para o alcance dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro quanto às metas de redução de emissão de gases de efeito estufa no Acordo de Paris. Além disso, a recuperação ambiental de áreas desmatadas ou degradadas garantem a manutenção dos serviços ambientais, tais como regulação do clima e manutenção de corpos hídricos.

Este projeto contribuiu para a implementação do CAR, uma vez que produziu uma base de dados georreferenciados sobre a cobertura do uso do solo no bioma Amazônia passível de integração ao SICAR, apoiando as etapas de análise e validação do CAR pelos estados.  

O Projeto

O projeto teve como objetivo apoiar o processo de regularização ambiental no bioma Amazônia, por meio de: i) mapeamento do uso e cobertura do solo; ii) cálculo do passivo ambiental em Áreas de Preservação Permanente (APPs) de corpos hídricos e das áreas potenciais para restauração em unidades de conservação e terras indígenas; e iii) integração de base de dados geoespaciais ao Sicar.

 Lógica de Intervenção

O projeto se inseriu nas componentes  do Quadro Lógico do Fundo Amazônia: (2) "Monitoramento e Controle" e (4) Ciência, Inovação  e Instrumentos Econômicos.

Seus efeitos diretos foram assim definidos: “instituições de monitoramento, controle e responsabilização ambiental dos nove estados da Amazônia Legal estruturadas e modernizadas” (componente 1); e “conhecimentos e tecnologias voltados para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, o monitoramento e controle do desmatamento e o ordenamento territorial produzidos, difundidos e utilizados” (componente 4).

Evolução

Data da aprovação 03.12.2018
Data da contratação 07.02.2019
Data da conclusão 20.03.2023
*Prazo de utilização 07.11.2022
*Prazo para recebimento de desembolsos
aprovação
03.12.2018
contratação
07.02.2019
conclusão
20.03.2023

Desembolsos

ano valor
1º desembolso 14.06.2019 R$ 2.226.482,79
2º desembolso 29.04.2020 R$ 2.765.763,72
3º desembolso 12.05.2021 R$ 2.788.283,72
4º desembolso 25.03.2022 R$ 1.486.469,77
Valor total desembolsado R$ 9.267.000,00

Valor total desembolsado em relação ao valor do apoio do Fundo Amazônia

100%

ATIVIDADES REALIZADAS

A implementação do projeto foi estruturada a partir de quatro subcomponentes, a saber: (I) mapeamento do uso e cobertura do solo; (II)  mapeamento da rede hidrográfica e delimitação das APPs hídricas; (III) elaboração de mapas; e (IV) disseminação de resultados e integração de bases de dados.

I -  Mapeamento do uso e cobertura do solo: foi realizado o mapeamento de uso e cobertura do solo no bioma Amazônia considerando seis classes de uso e cobertura (formação florestal, formação não florestal, água, área edificada, silvicultura e área antropizada), assim como a espacialização das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) hídricas para 554 municípios, totalizando 444.076.516 de hectares nos nove estados amazônicos, conforme tabela a seguir.

Estado

Municípios

Área (ha)

AC

22

16.414.015

AM

62

155.965.750

AP

16

14.279.716

MA

111

14.606.949

MT

92

65.861.514

PA

144

124.828.684

RO

52

23.754.397

RR

15

22.436.586

TO

40

5.928.911

TOTAL

554

444.076.516

Uma vez que, durante a execução do projeto, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou o módulo de análise dinamizada do Sicar , estabelecendo parâmetros específicos que precisariam ser observados para que bases temáticas pudessem ser incorporadas como insumos para a análise dinamizada, foram ainda realizados ajustes técnicos nas classes de mapeamento de uso e cobertura do solo para os 554 municípios. Tais ajustes visaram compatibilizar as bases produzidas com as especificações previstas na Nota Técnica “Orientações gerais sobre as Bases de Referência para a solução da Análise Dinamizada do Cadastro Ambiental Rural”, de junho de 2021. Estes ajustes abrangeram o detalhamento das classes de mapeamento “formação florestal” e “formação natural não florestal” e a geração de classes temporais .

II - Mapeamento da rede hidrográfica e delimitação das APPs hídricas: as ações realizadas no âmbito desse eixo tiveram como objetivo o mapeamento e atualização das redes hidrográficas do bioma Amazônia, de maneira a permitir a delimitação das APPs de corpos hídricos, conforme previsto nos artigos 4º e 5º da Lei 12.651/2012, e o cálculo do passivo ambiental existente em APPs hídricas.

Da mesma forma que o mapeamento do uso e cobertura do solo, foi realizado o mapeamento da rede hidrográfica e a delimitação das APPs hídricas foram concluídos para 554 municípios e 444.076.516 hectares (100% da área total), distribuídos nos nove estados amazônicos, conforme tabela apresentada anteriormente (no componente I).

III - Elaboração de mapas: as ações realizadas no âmbito desse eixo tiveram como objetivo consolidar as informações produzidas nos Componentes 1 e 2, de forma a espacializar os passivos de APPs hídricas por município e área protegida do bioma Amazônia. Para cada município e área protegida, é produzido um conjunto de 4 mapas, descritos a seguir:

  • APP: contém a delimitação das APPs, e a informação da área total destinada à restauração.
  • Hidrografia: contém os corpos hídricos, mapeados pelo projeto, e a informação de sua extensão.
  • Mosaico de imagens de satélite: apresenta as imagens de satélites utilizadas para a classificação do uso do solo e adequação da hidrografia.
  • Uso do solo: contém as 6 classes de uso do solo e a informação da área ocupada por cada uma.

O projeto concluiu a geração de mapas para 554 municípios, 308 unidades de conservação e 344 terras indígenas. Foi gerado um total de 4.824 mapas, conforme tabela a seguir.

 

Total

Municípios

554

Unidades de Conservação

308

Terras Indígenas

344

Mapas concluídos

4.824

IV - Disseminação de resultados e integração de bases de dados: as ações realizadas no âmbito desse eixo contemplaram a disseminação de informações junto a órgãos responsáveis pela implementação da política de meio ambiente nos estados do bioma Amazônia, órgãos gestores de unidades de conservação e terras indígenas, bem como a integração das informações geradas pelo projeto ao Sicar.

As atividades de disseminação dos dados produzidos pelo projeto ocorreram ao longo do projeto, e mesmo após sua conclusão, com o apoio do SFB. Contatos com as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente (SEMAs) foram sendo realizados à medida que o mapeamento de cada estado era concluído. Os primeiros estados que tiveram seu mapeamento integralmente concluído foram Pará, Amazonas e Roraima, que juntos constituem 72% da área total do bioma e foram mapeados ao longo dos dois primeiros anos do projeto. Os demais estados juntos perfazem 28% da área total do bioma e tiveram seu mapeamento concluído no último ano do projeto.

O estado do Pará é o que mais avançou em relação à utilização dos dados produzidos, além de ter tido papel fundamental na consolidação da metodologia de mapeamento para a Amazônia, tendo em vista a amplitude da variação de suas feições fitofisionômicas e hidrográficas.  Segundo relatado, houve intensa interação da equipe técnica da FBDS com a equipe da SEMAs do estado do Pará, além do estabelecimento de uma parceria para a cessão de imagens de satélite, e ainda a realização de reuniões de alinhamento metodológico com entre as equipes técnicas.

Em relação aos demais estados, também houve contatos e tratativas da FBDS no que diz respeito à divulgação das bases produzidas pelo projeto para utilização no CAR. Cabe também destacar, nesse contexto, a apresentação do projeto feita a representantes das SEMAs de todos os estados, no âmbito do VIII Encontro Nacional do Cadastro Ambiental Rural, realizado em outubro de 2021.

Avaliação Final

Indicadores de eficácia e efetividade

As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados às componentes "Monitoramento e Controle" (2) e Ciência, Inovação  e Instrumentos Econômicos (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia¹.

A seguir, apresentam-se os resultados dos principais indicadores pactuados para o monitoramento dos efeitos diretos previstos.

Efeito direto 2.1 -  Instituições de monitoramento, controle e responsabilização ambiental dos nove estados da Amazônia Legal estruturadas e modernizadas (componente 1).

  • N° de sistemas eletrônicos desenvolvidos, implantados, aprimorados ou integrados para fins de monitoramento e controle ambiental
    Meta: 1 sistema aprimorado  |  Resultado alcançado: 1 sistema aprimorado
  • N° de eventos integradores (seminários e fóruns), oficinas (de sensibilização, capacitação, mediação ou intercâmbio) ou audiências públicas para monitoramento e controle ambiental
    Meta: 1  |  Resultado alcançado: 1
  • N° de publicações pedagógicas ou informativas / aplicativos ou outras mídias elaborados para monitoramento e controle ambiental
    Meta: 4.608 mapas  |  Resultado alcançado: 4.824 mapas
  • N° de órgãos ambientais fortalecidos
    Meta: 556  |  Resultado alcançado: 564

Efeito direto 4.1 - Conhecimentos e tecnologias voltados para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, o monitoramento e controle do desmatamento e o ordenamento territorial produzidos, difundidos e utilizados

  • Área mapeada com informações geoespaciais para fins de monitoramento, controle e/ou ordenamento territorial
    Meta: 4,196 milhões de km²  |  Resultado alcançado: 4,441 milhões de km²
  • N° de novos produtos ou tecnologias desenvolvidos
    Meta: 1 módulo do SICAR  |  Resultado alcançado: 1 módulo do SICAR   
¹ http://www.fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/monitoramento-avaliacao/0.home/FA-Arvore_de_objetivos_2018.pdf

Aspectos institucionais e administrativos

Com a conclusão do mapeamento do uso e cobertura do solo, incluindo a rede hidrográfica e as delimitação das APPs hídricas, para 554 municípios, totalizando 444.076.516 hectares (100% da área total) pelo projeto, o SFB, os estados e os munícípios da Amazônia Legal passam a possuir as imagens/mapas necessárias para aumentar suas capacidades de processamento de análise e validação das informações declaradas no CAR.

Outro destaque importante foi a adaptação das bases geradas para utilização no módulo do Sicar de análise dinamizada, permitindo maior celeridade na conferência dos dados de forma automatizada, identificando inconsistências e já propondo a retificação do cadastro automaticamente, seguindo para aceite do proprietário/possuidor. Com este módulo, espera-se que SFB e demais órgãos ambientais consigam evoluir na análise dos registros de CAR. 

Riscos e lições aprendidas

Em linhas gerais, o projeto foi adequadamente executado e atingiu  as principais metas  estabelecidas. No último ano do projeto, o principal problema enfrentado foi a reposição de consultores de mapeamento, em função de perdas de pessoal ocorridas em períodos anteriores do projeto. A substituição de consultores no terço final do projeto é particularmente arriscada, uma vez que há menos tempo hábil para o treinamento dos profissionais recém-contratados.

Porém essa questão pode ser bem contornada em função da disponibilidade de uma equipe de consultores que havia participado de outro projeto de mapeamento recentemente executado pela FBDS, este para o bioma Caatinga. Portanto, não houve necessidade de treinamento na utilização dos modelos e rotinas de processamento, que normalmente tomam grande parte do tempo nesta etapa inicial de trabalho dos consultores. O treinamento ateve-se exclusivamente às particularidades do bioma amazônico, suas fitofisionomias específicas e padrões hidrográficos. Dessa forma, os novos consultores rapidamente atingiram a velocidade padrão de entrega, sem prejuízos ao prazo de conclusão ou à qualidade final do mapeamento.

Sustentabilidade dos resultados

Apesar do projeto gerar enorme economia de recursos dos órgãos ambientais federais, estaduais e municipais por ter mapeado em escala todas as áreas da Amazônia Legal, os resultados do projeto não geram receita diretamente e após alguns anos os mapeamentos deverão ser refeitos.

De toda forma, a integração das bases geradas ao Sicar, em especial sua utilização na análise dinamizada, otimiza os processos do Sicar, gerando economia recursos e pessoal, e reduzindo prazos da análise, tornando o Sicar mais sustentável.